quarta-feira, março 02, 2011

Logística a reboque do desenvolvimento










Micheline Batista
Reportagem indicada pelo Profº Helder Diniz


Consolidação de Suape como hub port aumenta demanda por serviços logísticos, gerando empregos





Imagine Suape daqui a cinco anos. Vamos estar produzindo navios, fabricando automóveis, refinando petróleo e produzindo insumos petroquímicos. ´Algo impensável até pouco tempo atrás`, escrevemos na abertura da primeira matéria desta série, no dia 30 de janeiro. Agora imagine o fluxo intenso de cargas que tudo isso deverá gerar. Vamos saltar de 9 milhões de toneladas, em 2010, para 48 milhões em 2016. Entre as atividades de apoio, talvez a de logística seja a mais importante nesse contexto e é justamente esse segmento que vamos abordar nesta quinta e última matéria da série.

Nenhum complexo industrial portuário sobrevive sem uma boa infraestrutura logística. Além de uma plataforma multimodal de transporte, que inclua pelo menos os modais rodoviário e ferroviário para escoar a carga que chega ou sai pela via marítima, é necessário ter empresas que cuidem do planejamento e do controle do fluxo e da armazenagem dos produtos. Suape já possui um pequeno polo de empresas que dão algum suporte junto à zona primária. Mas isso é só o início.

Com a consolidação de Suape como um porto concentrador de carga (hub port) para as regiões Norte/Nordeste, a demanda por serviços logísticos, acredite, vai bombar. A localização geográfica é mais do que privilegiada - quatro capitais a um raio de 300 quilômetros e outras três em um raio de 800 quilômetros. Uma área que concentra 90% do Produto Interno Bruto (PIB) da região Nordeste.

´A logística está sempre a reboque do desenvolvimento. Qualquer movimento importante de investimento aumenta o fluxo demateriais e consequentemente a demanda por serviços logísticos. É isso que está acontecendo agora em Suape`, diz Edson Carillo, diretor da Associação Brasileira de Logística (Aslog).

Segundo Carillo, como não há profissionais suficientemente qualificados no mercado, muitas vezes é preciso ´adaptar` trabalhadores para atuar nas áreas técnica e gerencial. As empresas costumam contratar administradores de empresas e engenheiros, especialmente de produção, com pós-graduação na área de logística.

No nível básico, os trabalhadores são disputados com a indústria da construção civil. Quem tem alguma experiência, sai na frente. É o caso de Gilson José da Silva, 27 anos, conferente na Widrose há sete meses. Antes, foi auxiliar de manutenção por cinco anos no Tecon Suape, empresa que faz carga/descarga e armazenagem de carga geral e contêineres.

´Não é difícil arranjar emprego, principalmente para quem tem experiência. Ter conhecimento (contatos) também ajuda`, diz Gilson, que possui ensino médio completo e mora no Engenho Mercês, vizinho ao porto. A mudança de emprego também significou aumento de salário, de R$ 678 para R$ 900.

A Windrose começou com agenciamento martítimo e há cinco anos ingressou no ramo logístico. Hoje, movimenta cerca de 200 contêineres/mês. Em Pernambuco são 75 funcionários, 12 deles admitidos em apenas uma semana. ´Com a movimentação de carga crescente, existe a perspectiva de contratarmos mais gente. E temos a preocupação de dar prioridade à mão de obra local, apesar de pouco qualificada`, afirma o gerente de operações Pedro de Macedo.

Será necessário, portanto, fazer um esforço para qualificar os pernambucanos. O diretor técnico do Senai-PE, Uaci Matias, reconhece que a entidade precisar dar um upgrade no seu curso de logística para poder atender à expansão desse segmento no estado. ´Pernambuco está avançando para uma logística expandida e extremamente sofisticada. Precisamos acompanhar esse ritmo`, conclui.

Agora é a vez da geração z


Tércio Amaral // Especial para o Diario
tercioamaral.pe@dabr.com.br
Edição de domingo, 27 de fevereiro de 2011

Jovens nascidos a partir dos anos 1990 prometem uma verdadeira revolução no mercado de trabalho

Chamar o chefe de ´senhor`, exercer apenas uma função na empresa e trabalhar com metas a longo prazo. Esses hábitos em algumas corporações podem mudar no futuro com a entrada da denominada geração z. Nascidos nos anos 1990, jovens familiarizados com as novas tecnologias, poderão promover uma verdadeira revolução no mercado de trabalho. Com habilidades multifuncionais, esses novos profissionais estarão aptos a desenvolver trabalhos em várias plataformas, dialogando atividades simultâneas, como ouvir uma música, assistir um filme e preparar um relatório. Tudo isso ao mesmo tempo.

Típica da geração z, Hana Luzia tem abertura com o chefe e desenvolve mais de uma função Foto: Julio Jacobina /DP/ D.A PressA chave para essa mudança é a comunicação, defende o consultor e palestrante Gilberto Wiesel. Para ele, a geração z é fruto das mudanças de comportamento influenciadas pelo novo aparato tecnológico, a exemplo de computadores, celulares que fazem fotos e aparelhos de MP3. ´Com a influência, ainda, das redes sociais, esses novos atores trabalham numa comunicação horizontal. Para eles, bater na porta do chefe para conversar é uma tarefa difícil. Esperar não está na pauta`, diz Gilberto.

Para receber essa geração a todo pique, as empresas também devem se preparar. ´As profissões e o mercado vão se adequar aos jovens da geração z. Eles já estão convivendo com gestores formados no fim da década de 80, que são mais aberto às mudanças`, completa. Ainda segundo Wiesel, algumas profissões estão se adequando, pelo menos no âmbito comportamental. ´Os professores hoje em dia têm que ser um pouco de psicólogo e amigo dos alunos. É uma função que não exige apenas a transmissão de conteúdos`, diz.

Com a geração z, as empresas também estão sofrendo modificações, sobretudo, no espaço físico. ´Há corporações que já não têm paredes, todo mundo trabalha junto em bancadas coletivas. O próprio presidente circula com facilidade entre os funcionários', comenta Gilberto.

A estudante de design da UFPE Hana Luzia, de 20 anos, está notando essas transformações no mercado de trabalho, principalmentena sua área. Ela desenvolve um estágio na Zoludesign, no Recife, onde os estagiários participam de projetos de concepção e finalização de produtos. ´Há uma comunicação aberta com meus chefes. Além de trabalhar com diagramação de novos materiais, eu também faço a divulgação dos produtos da empresa na internet`, diz.

Apesar da abertura, ainda pode se encontrar resistência. Segundo a consultora de RH Lúcia Barros, algumas empresas mais conservadoras terão dificuldades em absorver funcionários da geração z. ´Pessoas que falam com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, têm um ritmo diferente. O jovem da geração z vai achar que a companhia é devagar`, revela. Já para a analista Shirlone Rodrigues, da Start RH, as empresas deverão embarcar na onda digital. ´As corporações precisarão desenvolver estratégias tendo a tecnologia como aliada`, completa.

"Eles convivem com os gestores formados no fim da década de 80, que são mais abertos " Gilberto Wiesel, consultor e palestrante