quarta-feira, março 02, 2011

Agora é a vez da geração z


Tércio Amaral // Especial para o Diario
tercioamaral.pe@dabr.com.br
Edição de domingo, 27 de fevereiro de 2011

Jovens nascidos a partir dos anos 1990 prometem uma verdadeira revolução no mercado de trabalho

Chamar o chefe de ´senhor`, exercer apenas uma função na empresa e trabalhar com metas a longo prazo. Esses hábitos em algumas corporações podem mudar no futuro com a entrada da denominada geração z. Nascidos nos anos 1990, jovens familiarizados com as novas tecnologias, poderão promover uma verdadeira revolução no mercado de trabalho. Com habilidades multifuncionais, esses novos profissionais estarão aptos a desenvolver trabalhos em várias plataformas, dialogando atividades simultâneas, como ouvir uma música, assistir um filme e preparar um relatório. Tudo isso ao mesmo tempo.

Típica da geração z, Hana Luzia tem abertura com o chefe e desenvolve mais de uma função Foto: Julio Jacobina /DP/ D.A PressA chave para essa mudança é a comunicação, defende o consultor e palestrante Gilberto Wiesel. Para ele, a geração z é fruto das mudanças de comportamento influenciadas pelo novo aparato tecnológico, a exemplo de computadores, celulares que fazem fotos e aparelhos de MP3. ´Com a influência, ainda, das redes sociais, esses novos atores trabalham numa comunicação horizontal. Para eles, bater na porta do chefe para conversar é uma tarefa difícil. Esperar não está na pauta`, diz Gilberto.

Para receber essa geração a todo pique, as empresas também devem se preparar. ´As profissões e o mercado vão se adequar aos jovens da geração z. Eles já estão convivendo com gestores formados no fim da década de 80, que são mais aberto às mudanças`, completa. Ainda segundo Wiesel, algumas profissões estão se adequando, pelo menos no âmbito comportamental. ´Os professores hoje em dia têm que ser um pouco de psicólogo e amigo dos alunos. É uma função que não exige apenas a transmissão de conteúdos`, diz.

Com a geração z, as empresas também estão sofrendo modificações, sobretudo, no espaço físico. ´Há corporações que já não têm paredes, todo mundo trabalha junto em bancadas coletivas. O próprio presidente circula com facilidade entre os funcionários', comenta Gilberto.

A estudante de design da UFPE Hana Luzia, de 20 anos, está notando essas transformações no mercado de trabalho, principalmentena sua área. Ela desenvolve um estágio na Zoludesign, no Recife, onde os estagiários participam de projetos de concepção e finalização de produtos. ´Há uma comunicação aberta com meus chefes. Além de trabalhar com diagramação de novos materiais, eu também faço a divulgação dos produtos da empresa na internet`, diz.

Apesar da abertura, ainda pode se encontrar resistência. Segundo a consultora de RH Lúcia Barros, algumas empresas mais conservadoras terão dificuldades em absorver funcionários da geração z. ´Pessoas que falam com duas ou mais pessoas ao mesmo tempo, têm um ritmo diferente. O jovem da geração z vai achar que a companhia é devagar`, revela. Já para a analista Shirlone Rodrigues, da Start RH, as empresas deverão embarcar na onda digital. ´As corporações precisarão desenvolver estratégias tendo a tecnologia como aliada`, completa.

"Eles convivem com os gestores formados no fim da década de 80, que são mais abertos " Gilberto Wiesel, consultor e palestrante

Nenhum comentário:

Postar um comentário